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Mesmo com juros em alta, mercado imobiliário aponta para crescimento

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A Selic, a taxa básica de juros, está no patamar de 12,75%, o maior índice dos últimos 5 anos. O movimento de alta impulsionado pelo Banco Central tem como objetivo reduzir os índices de inflação, que estão, em média, acima do 1% ao mês no acumulado de 12 meses. A estratégia é tornar o crédito mais caro para inibir o consumo e gerar mais competitividade no mercado.

Mas o cenário do setor imobiliário vem ignorando essa lógica da economia. Mesmo com os juros nas alturas, a procura por imóveis de alto padrão mantém-se em alta em 2022. Uma das provas consistentes disso é o balanço mensal da Caixa no mês de maio. O banco estatal disponibilizou R$ 15,6 bilhões no mercado imobiliário por meio de créditos. É o maior valor mensal da história da Caixa.

“A Selic hoje está em 12,75%, e ainda com tendência de alta. E mesmo assim o mercado imobiliário está aquecido. Isso só mostra que a lógica de consumo não serve para um mercado tão consolidado quanto o de imóveis. O corte da inflação desejado pelo governo será por outros setores. Não pelo da construção civil”, afirma Sanzio Cunha, trader, CEO e sócio fundador da Lotus Capital.

“A explicação para o fenômeno é que os dois lados representam uma força de mercado muito grande. O governo com seu poder de intervenção e a construção civil com o volume de consumidores bastante interessados em adquirir um imóvel”, avalia. Para o CEO da Lotus, os juros elevados dos financiamentos deverão ter efeito inerte nos próximos meses.

“Essa procura deve manter-se no decorrer do ano por dois motivos: o interesse do público por imóveis de alto padrão e a valorização do metro quadrado, indicando que há um universo de consumidores bastante interessados em adquirir imóveis com a finalidade de investimento”, sustenta Sanzio Cunha.

Crescimento astronômico
Em números absolutos, 2021 foi um ano avassalador para a construção civil e apresentou um crescimento astronômico. Os lançamentos imobiliários de médio e alto padrão chegaram a mais de 64 mil unidades no ano passado, e quase 28 mil imóveis foram comercializados no mesmo período. A quantidade de lançamentos foi 226% maior em comparação com 2020. Já as vendas subiram 21% no comparativo com o ano retrasado.

“Talvez pelo grande potencial de retorno financeiro, comprar imóveis passou a ser um investimento aparentemente seguro diante de taxas de juros tão altas como as que são praticadas em nosso mercado. É isso que talvez seja capaz de explicar que o que parece imponderável na verdade é repleto de lógica”, defende Cunha.

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